São Paulo surpreende

Cada curva reserva uma surpresa. É olhar a cidade com olhos cheios de amor para descobrir o inesperado, o que poderia ser belo, o que está escondido, o que ninguém repara, mas faz a diferença.

São Paulo surpreende em cada esquina, cada rua, cada praça, cada nesga de céu, cada flor secando no galho, caída na calçada, exuberante balançando no galho.

São Paulo surpreende nos prédios malcuidados, nos prédios bem cuidados, nos grafites, nos rabiscos, na arte e na boçalidade. Surpreende na rotina, no singelo, no sem encantamento, que faz a vida das pessoas ser a vida das pessoas. Ninguém vive emoções 24 horas por dia, nem 30 dias por mês.

As coisas vão e vêm na velocidade do tempo, que corre no ritmo da cidade, invariavelmente, alucinada. 24 horas por dia, sem descanso, sem pausa, sem apagar as luzes ou os faróis.

No ritmo dos semáforos quebrados que tentam piorar o trânsito, mas que passam quase desapercebidos porque o trânsito é sempre muito pior, exceto quando os marronzinhos saem das ruas porque está chovendo ou outro motivo relevante.

São Paulo se recria nas flores dos ipês, dos jacarandás mimosos, das azaléas, das quaresmeiras, das paineiras e tantas outras flores que explodem suas cores caoticamente, sem outro sentido senão a dança das estações.

Ninguém sabe porque é assim, como ninguém deixa de saber. Os magos não descobriram os mistérios que sobrevivem desde o padre Leonardo Nunes, o Abaré-bebê, o único que conseguia estar em dois lugares ao mesmo tempo.

São Paulo é mágica e magia, por isso a cidade surpreende.