São Paulo aos domingos
Aos domingos, São Paulo era uma cidade pacata. Dependendo da região, ficava até com jeito de cidade do interior. O trânsito dava uma folga e as pessoas perdiam a pressa, como se Deus permitisse que descessem da vida para caminhar pelas ruas feito Adão e Eva caminhavam pelas trilhas do paraíso, antes do pecado original.
Mas as coisas mudam, evoluem, para o bem ou para o mal, e de tempos em tempos mudam de cara, como no exemplo dramático dos telefones de manivela substituídos pelos telefones de discos, depois pelos de botão e finalmente pelos celulares, que vão invadindo o espaço dos computadores e tablets sem que ninguém ouse prever o final dessa história.
Os domingos começavam com os sinos das igrejas chamando para a conversa semanal com o Criador. Depois perderam espaço para os alto-falantes dos templos, que urram as ameaças dos infernos para quem não respeitar a ordem bíblica de dar o dízimo aos sacerdotes.
Hoje, as igrejas e templos dividem a preferência dos cidadãos com as ciclovias e ciclofaixas que ligam os vários parques da cidade ou sobem por ladeiras impensáveis e impossíveis para os criadores da bicicleta.
A cidade descobriu que o trânsito pode ficar ruim sete dias por semana. Que não tem mais tempo bom nos domingos. É tudo a mesma coisa, como se São Paulo se divertisse deixando a CET interferir integralmente, 7 dias por semana, na vida e no humor de seus moradores.
Será que a mudança é ruim? Será que ficou pior? Eu não acho. Não vejo assim. O que aconteceu é que os hábitos mudaram. O que valia ontem não vale mais hoje.
Nada que não paute a ordem natural das coisas e a evolução das espécies. Ao ser humano cabe viver o domingo num outro ritmo, diferente dos outros dias da semana, mas com coisas parecidas, como o trânsito ruim.
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