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Crônicas & Artigos

em 14/05/15

Quantas bicicletas, meu Deus?

Se eu não sei contar os raios que caem na cidade de São Paulo; se não sei contar as estrelas entre Vênus e a curva da Terra; se não sou capaz de contar os mariscos nas costeiras; nem os pernilongos na beira do rio Pinheiros; nem as capivaras ao longo do Tietê, quem sou eu para saber quantas bicicletas passam semanalmente pelas ruas Ásia e Lisboa!

Deve ser um número espantoso, parecido com o dos ciclistas que se atiram ladeira acima pela Rua João Ramalho, tentando chegar na PUC.

Devem ser tantas, ou quase tantas bicicletas como as que percorrem a Rua Piauí. Ou as que se atiram bravamente Rua Itatiara acima.

Juntas devem ser muitas, quem sabe 10, 15 ou até mesmo 20, todas as semanas, mês após mês, ao longo do ano.

O número só não é absolutamente impressionante porque é menor do que dos que foram a assistir as sessões de pornochanchada à meia noite no Cemitério da Consolação.

Quem me dera um ábaco digital para calcular a quantidade assombrosa de magrelas que usam ciclovias como essas e outras, inclusive a que corre firme pela antiga calçada de pedestres da Avenida Lineu de Paula Machado.

Mais do que o ábaco, quem me dera uma câmera digital instalada num telefone celular norte-coreano para fotografar o resultado da conta do ábaco. Ou um retratista birmanês.

Certos dados, fatos e figuras devem ser eternizados para balizar os procedimentos humanos, dar norte aos padrões éticos, criar referências sólidas, como o banquete em que os índios devoraram o Bispo Sardinha, ou o sangue no campo de batalha depois de Itararé.

As bicicletas voam São Paulo a fora. Para enfrentá-las, apenas as manadas de capivaras ou os mosquitos que transmitem a dengue.

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