Povo park
Umas das poucas coisas boas de ficar parado no trânsito é a possibilidade de se ver a quantidade de sandices de todos os tipos criadas pelo Poder Público, querendo passar a imagem de civilizado.
Não, não estou falando das ciclovias e das ciclofaixas e muito menos das ruas que nos domingos têm, conjuntamente, ciclovias e ciclofaixas, como a Avenida Lineu de Paula Machado, onde as ciclovias, ainda por cima, ocuparam o espaço dos pedestres, tomando as calçadas com seu vermelho mal pintado com urucum boliviano.
Não, também não estou falando dos corredores de ônibus.
Nem das obras completamente sem noção que vão sendo feitas em todos os cantos da cidade, a maioria sem placas de identificação.
Não, não estou falando sequer da imensa cloaca em que transformaram o centro da cidade, com o cheiro de urina e fezes se espalhando democraticamente em volta da sede da Prefeitura.
Também não estou falando da destruição deliberada do cartão postal da cidade, a Avenida Paulista, refém de toda sorte de barbaridades, em nome dos maiores absurdos, para não falar em delírios urbanísticos.
Não, o que me faz recuperar o bom humor são as placas marrons, indicando os pontos turísticos da cidade. As boas são as placas bilíngues. Estas trazem preciosidades inacreditáveis. O inglês do tradutor chega às raias do pastelão, coisa de deixar Adoniran Barbosa com inveja e Sinhozinho Malta e Odorico Paraguaçu com jeito de meninos de grupo escolar.
A última que eu li foi a placa indicando o “Parque do Povo”. Pasme a tradução para o inglês não é “People’s Park”. Imagine! “People’s Park” seria muito simples. Na placa, a tradução de “Parque do Povo” para o inglês é “Povo Park”. Isso mesmo! Babe! “Povo Park”, mas com k no final.
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