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Crônicas & Artigos

em 11/02/15

Pontualidade dos voos

por Antonio Penteado Mendonça

Eu não sei o que está por trás, mas o fato concreto, inesperado e surpreendente é que as últimas vezes que eu voei os voos saíram no horário.

Saíram no horário de São Paulo, Congonhas, e saíram no horário do Rio de Janeiro, Santos Dumont.

Nada é mais agradável do que estar num aeroporto, imaginando se o voo será cancelado ou se atrasará e, de repente, exatamente no horário, ser chamado para o embarque.

Mais agradável do que isso só embarcar na frente mostrando a carteira de velhinho e, dentro do avião, ser mais uma vez surpreendido com a decolagem acontecendo na hora certa.

Ah, a ilusão da civilização! Ouvir o ronco potente das turbinas, sentir a aeronave correndo na pista e ganhar altura, tudo dentro do horário, é quase tão bom quanto imaginar que o São Paulo pode de novo ser campeão da Libertadores e, depois, campeão do Mundo Interclubes.

Um amigo familiarizado com as coisas da política me disse que isso é para tapar o sol com a peneira e tentar abafar o escândalo da Petrobrás e, principalmente, seus desdobramentos.

Pode ser. Em época de vaca magra, cabrito vira iguaria. E quando acaba a luz, lamparina de azeite é refletor.

No caso, as férias correndo soltas, com turistas voando para baixo e para cima, os voos cumprirem os horários é uma forma de desmentir o óbvio, para mostrar que a nação é séria e civilizada.

Afinal, o que acontece atrás do pano ou debaixo do tapete, não é da conta de gringos enxeridos.

Os voos saírem no horário é uma forma inteligente de esconder o errado, mas é, antes de tudo, uma benção para quem está a bordo.

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