Perplexidade
Este mundo explode bombas, granadas, atira com fuzis AR15, AK47, pistolas Glock, coquetéis Molotv.
Mata a tiros, execuções bárbaras, decapitações, enforcamentos, estrangulamentos, afogamentos e todos os tipos de torturas.
Mata o crime organizado, as polícias, os terroristas, os exércitos, os ditadores e as democracias. Morrem inocentes e culpados, mais inocentes do que culpados, e a Terra continua girando, 24 horas após 24 horas, todos os dias, todos os dias, insensivelmente.
Morrem inocentes e culpados. Mas para o planeta é a mesma coisa, como se os versos de John Done não fossem verdade e a morte de um homem não fosse como o pedaço de terra arrancado da Europa.
Ou, quem sabe, seja assim mesmo: desde sempre o mar arrancou pedaços da Europa, e os vulcões criaram ilhas onde antes era apenas mar, e os terremotos moldaram montanhas onde há séculos a paisagem foi uma imensa planície, deixada por um mar morto que se afastou do continente.
Voltas e mais voltas de uma longa história, na qual entramos faz pouco tempo e, não fosse nossa prosopopeia, saberíamos que não somos os protagonistas.
Voltas que florescem os ipês, que não ligam para a política e tocam em frente, porque há no mundo muito mais beleza do que concebe nossa vã filosofia. Como há outras floradas e sonhos que se confundem e confundem a realidade.
Este mundo toca em frente bonito, enfeitado com flores e animado por gestos que são tão belos quanto as flores. Gestos que falam de dar, de receber, de amor e constância, na vida de bilhões de pessoas que não roubam, não matam e acreditam no bem. Gente que, no final, irá vencer porque o sentido do homem é ser cada dia melhor.
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