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Crônicas & Artigos

em 28/05/18

Paradoxo nacional

Enquanto do lado fora o Brasil derrete, esmigalhado por uma crise moral sem precedentes, dentro, a festa homenageia um homem extraordinário, dos maiores na sua arte e dono da responsabilidade social que o fez criar inteligência em todos os campos em que atua.

A homenagem da TV Cultura para o Maestro Júlio Medaglia nos seus 80 anos de idade foi um espetáculo especial, pela festa e pela dimensão do que foi possível mostrar da carreira extraordinária do homem extraordinário que, ao longo de várias décadas, se dedica a fazer o Brasil um país melhor.

Na saída, conversando com sua mulher, Sabine, eu lhe disse que o espetáculo lindo que nós tínhamos acabado de assistir mostrara ao público que lotou a Sala São Paulo um resumo do prefácio de Júlio Medaglia.

Júlio Medaglia tem talento, conhecimento, dedicação e competência que justificam sua fama e ser internacionalmente considerado um dos grandes maestros que, desde os anos 1960, têm conduzido as grandes orquestras do mundo.

Mas Júlio Medaglia vai muito além do maestro. Sua obra compreende um dos mais ricos currículos profissionais do Brasil. Dono de programas de rádio, protagonista de ações importantes para o descobrimento de novos talentos, figura constante na TV, arranjador consagrado, o maestro tem seu nome ligado a alguns momentos especiais da música no país.

Pesquisador, revirou o interior de Minas Gerais, de onde arrancou o tesouro das partituras dos compositores barrocos do século 18. Foi dos responsáveis pelos Festivais da TV Record. Fez os arranjos das músicas do tropicalismo, começando por Tropicália, de Caetano Veloso. Levou Carlos Gomes para os palcos da Europa e descobriu a sofisticada música de D. Pedro I. Isso seria muito, mas é menos do que o índice da sua obra. Júlio Medaglia, que Deus lhe dê outros 80 anos! Você merece e o Brasil precisa.

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