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Crônicas & Artigos

em 28/06/17

Os vários frios

Existem diferentes tipos de frio, cada um com sua particularidade, boa ou ruim, dependendo da situação e do casaco de quem analisa.

Um urso polar com certeza quer o frio, frio, porque depende dele para viver bem. Os ursos pardos aproveitam o inverno para hibernar, as raposas da neve trocam a pelagem e ficam deslumbrantes vestidas de branco.

O que é frio para um brasileiro é refresco para um esquimó. Já o contrário também é verdade: um índio tupi vai rir do calor que o esquimó sente andando na mata tropical, úmida e quente.

Pouca coisa é mais gostosa do que uma noite fria de inverno com uma lareira acesa, um bom vinho, queijos e frios para acompanhar, quem sabe uma fondue e um bom papo em volta do fogo.

Ah, dormir ao lado do fogo, com um edredom quente protegendo os corpos aconchegados e próximos!

Acordar, levantar, sair para o terraço da fazenda com a boca soltando fumaça por causa do frio e ver a paisagem toda branca, ainda que o branco possa matar as plantas e perder a safra de café.

O inverno pode ser ótimo, amigo, gostoso. Pode ser quente, se tiver como esquentá-lo. Mas o inverno também pode ser duro e cruel, impiedoso.

Algumas tribos de índios norte-americanas deixavam as velhas que não tinham parentes para cuidar delas para fora nas noites de inverno. Amanheciam mortas e o problema de alimentá-las se resolvia sozinho.

Eram maus? Não sei. Era assim. Estava na tradição do povo e todos sabiam que a regra era essa e aceitavam.

Dizem que o Brasil é um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Não tenho a menor certeza que os moradores de rua, nas noites geladas de São Paulo, concordem com isso.

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