Os sabiás – 2017
Os sabiás têm sido assunto das crônicas em função da luta da Clotilde com eles, na defesa de sua ração e de sua tigela de água. Os sabiás adoram desafiar o perigo e se metem na garagem de casa para atacar a ração e a água da Clotilde, que os caça impiedosamente, com a competência dos boxers caçadores de aves e outros animais, maiores ou menores.
Mas os sabiás são muito mais do que camicases ensandecidos, dispostos a morrer por uma bola de ração ou um banho mais demorado.
Os sabiás são aves bonitas, imponentes, orgulhosas e corajosas. Grandes, ocupam espaço no jardim e seu canto é deslumbrante.
A maioria dos sabiás que habitam em São Paulo são sabiás laranjeira e seu peito laranja jogado para frente impõe respeito no reino das aves e abre para eles os galhos das paineiras, que os recebem contentes porque os sabiás contam para elas o que viram nos seus voos.
Alguns sabiás constroem seus ninhos em outras árvores e correm o risco de ver os filhotes caírem porque o galho escolhido não era sólido o suficiente para aguentar o tranco da chuva e do vento.
Faz parte da vida, mas é triste ver o filhote morto porque caiu do ninho.
Uma das manias dos sabiás é, nesta época do ano, começarem uma cantoria desenfreada, ainda de madrugada, quando está escuro, para ver quem conquista a fêmea e acasala.
É assim porque é assim. Cada ano a cantoria começa mais cedo porque a concorrência também é mais intensa.
Eu estava relativamente preocupado porque os sabiás ainda não estavam cantando. Até que, na madrugada de 23 de agosto, às 4 e pouco da manhã, acordei e ouvi os primeiros pios do primeiro sabiá iniciando o seu concerto. Daí pra frente foi só alegria. A cada madrugada mais sabiás dão o ar da graça, ou do pio, e o resultado é que o dia acorda mais feliz.
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