Os jacarandás mimosos
Os ipês começam a entregar os pontos. Este ano eles se superaram e o derradeiro, o maravilhoso ipê rosa, deu show de aparecer na televisão todos os dias. As árvores capricharam e se cobriram de flores, como que para se protegerem do frio fora de hora que se abateu sobre São Paulo.
As tipuanas também fizeram bonito. Enfeitaram seus pedaços com suas florezinhas amarelas, dando o contraponto necessário para as sibipirunas entrarem em cena, com suas flores em outro tom de amarelo.
São Paulo tem mais flores do que imagina nossa vã filosofia. É assim que as patas de vaca e os manacás também mostraram para que servem. E fizeram bonito, encantando quem os viu carregados de flores, com pássaros abrigados nos galhos floridos.
Nessa briga de vaidades, em que todos se acham mais bonitos do que os outros, quem ganha somos nós, humanos, que, sem fazer muita força, levamos de presente as cores maravilhosas das árvores vestidas para festa.
E ganham os sabiás, que fazem seus ninhos nos galhos cobertos de flores e dão de graça a beleza das floradas como primeira impressão do mundo para os filhotes saídos dos ovos.
É assim que as coisas são, tanto faz o que pensa, o que diz e o que não faz a Prefeitura encarregada da cidade. Se ela não gosta daqui, não tem problema, é só não voltar, que fica o dito pelo não dito. O Brasil é grande demais para não acharem um lugar bom para destilarem o fel, o fígado e o desencanto com o mundo.
Palmas para os jacarandás mimosos. Árvores especiais, esperam pacientemente seu momento e chegam como quem não quer nada, sem se importarem com o que pensam ou não pensam as outras árvores plantadas próximas deles. Agora é o momento dos jacarandás. Preste atenção no roxo especial de suas flores. Serve para esquecer que a CET existe.
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