Os ipês amarelos se superam
O começo da florada já mostrava que eles viriam com tudo. Só não estava claro o porquê. O porquê continua nebuloso, mas a florada chegou com mais força do que a previsão mais otimista.
Quem ganha somos nós que vivemos em São Paulo. O amarelo intenso das flores esconde a sujeira que é parte das ruas, o cinza dos muros e dos prédios do centro, o vermelho feio e desbotado das faixas de bicicletas, os buracos nas calçadas.
A hora é de curtir os ipês amarelos. Mesmo tendo outras árvores e arbustos dando o ar da graça, alguns deslumbrantes, o momento é dos ipês amarelos.
A cidade precisava dos ipês amarelos para esquecer tudo de feio e errado que estão fazendo nela e com ela. Falta pouco para o péssimo ficar bom porque vamos descobrindo que o fundo do poço é bem mais fundo e, no ritmo que vamos, ainda não estamos nem na metade.
A sensação de que a atual administração não gosta da cidade vai se convertendo em certeza. É por isso que os ipês amarelos floridos fazem toda a diferença. Eles tocam em frente o baile das azaleias. Carregam a bandeira da beleza como contraponto para os desmandos, o amadorismo, a falta de competência que devoram a qualidade de vida da cidade.
Os ipês amarelos, quando suas flores caem no chão, trazem a lembrança da época da conquista do território nacional, arrancado das matas pelos bandeirantes faiscando ouro.
Suas flores recriam as minas que afloravam em volta dos rios e as pepitas que derrubavam os burros. Suas flores nos fazem esquecer, ainda que minimamente, tudo de errado que vai sendo implantado como que de propósito para atrapalhar nossas vidas.
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