Os dois lados de duas moedas
Se, de um lado, o Ministro Aldo Rebelo e todas as pessoas com um mínimo de sensibilidade, cultura e respeito histórico ficaram horrorizados com a pichação do Monumento às Bandeiras, há outro lado que precisa ser lembrado e que tem no Mural Paulo Bomfim seu grande exemplo.
Não tem o menor sentido um bando de idiotas pichar um dos símbolos da cidade, um monumento que, além de lembrar uma das sagas mais impressionantes da história, a incorporação de quatro milhões de quilômetros quadrados ao Brasil, é uma escultura de Victor Brecheret.
Não tem sentido e os responsáveis deveriam ser punidos com rigor para coibir ações como essa e resgatar noções como pátria, povo, civilização e educação.
O Brasil não caiu do céu, nem foi dado de presente. O Brasil foi construído palmo a palmo por milhões de pessoas que não temeram enfrentar o desconhecido, a mata cerrada e a caatinga, os rios colossais, a chuva e a seca, as saúvas e os mosquitos, as feras, a cobras gigantes e as venenosas para arrancar da América Latina oito e meio milhões de quilômetros quadrados que nos fazem um dos maiores territórios do planeta.
O Brasil, sua história, seus símbolos e seus marcos merecem respeito. Mas, assim como há os imbecis que picham o Monumento às Bandeiras, há os que respeitam o Mural Paulo Bomfim.
Pensado por meu amigo Carlos Salem, numa parceria com a Academia Paulista de Letras, o Mural Paulo Bomfim homenageia o grande poeta paulista, transcrevendo, em mais de 70 metros de muros, textos de sua autoria. O Mural está lá há mais de 2 anos sem que ninguém pense em pichá-lo. Pelo contrário, as pessoas tocam a campainha da casa do Carlos para elogiar a iniciativa.
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