Os dias de outono
Os dias de outono são os mais bonitos do ano. E o ponto alto são os dias de maio, quando o céu toma uma cor única e a temperatura fica na medida certa para o corpo e o espírito se sentirem bem.
Quando eu era menino, em maio, os pastos da fazenda de Louveira ficavam marrom-avermelhados. Era o capim gordura que floria e cobria o cenário, criando um contraste único para as flores das paineiras.
O Brasil mudou, eu cresci e o capim gordura deu espaço para outros capins menos interessantes, mas mais rentáveis.
As paineiras continuam firmes, no campo e nas cidades. Este ano já floriram e foi uma florada de festa, de gente grande, de encher os olhos, com diria minha avó.
Nos dias de outono ainda não está completamente seco. O verde está intenso, mais fraco do que no verão, mas capaz de manter a cena com toda a riqueza de cores que faz os olhos zanzarem de um lado para o outro, atraídos pela beleza das flores.
Falar no céu de outono é chover no molhado. Faço isso ano depois de ano, desde o começo da crônica num distante 1992.
Nenhuma outra estação deixa o céu tão transparente e a profundidade do azul promete a descoberta do espaço, a conquista de novos planetas, o encontro com outros sistemas solares.
Não cabe trazer pra cena o desembarque de um exército de E.T.’s. Que eles existem ninguém tem dúvidas, apenas não é a hora certa, mesmo porque, se chegassem num dia de bonito de outono, duvido que se laçassem numa guerra suicida. Iam preferir descobrir um boteco simpático, pedir uma cerveja gelada e jogar conversa fora, discutindo com os terráqueos se seus discos voadores são ou não são melhores do que nossos carros populares. Coisas de dias de outono. De dias em que a vida pega leve.
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