Oi, hoje pensei em você
Tem dias que a vida pega mais pesado. Não é necessário nenhum motivo específico, é uma sensação que vem do nada, cresce aos poucos e toma conta da vida, do humor, da falta de humor, da capacidade de não achar mais graça em nada.
O dia segue insonso, sem cheiro, tato, gosto ou som. Segue amorfo, sem interesse, sem tema que ao menos provoque um arremedo de interesse.
Não ata, nem desata. Não decola. Não acrescenta. É como se o rio da vida se transformasse num mingau pegajoso que cola, prende, atrasa, sem razão, a não ser não ter razão.
Ninguém tem culpa, ou falta de culpa. Não é questão de culpa, nem de fazer mal feito ou fazer bem feito. Simplesmente, a sintonia fina está desregulada e alguém roubou o botão para acertá-la.
O som irrita, a luz irrita, o vento irrita, o mormaço irrita, o frio irrita, mas não fazemos nada para evitar a irritação. O tédio assume o leme e o navio avança sem rota, com as velas batendo, soltas no vento.
Não é questão de dar certo ou não. Não há sequer a expectativa de dar certo. O dia escorre rumo ao pôr do sol, mas nem a cor do céu tem a capacidade de alegrar a alma.
Os gestos se arrastam, são lentos, sem vontade; as rotinas são apenas rotina; o automático segue ligado e as coisas acontecem sem querer, como se não houvesse mais nenhuma razão para ser diferente.
É então que eu abro o whatsapp e lá está a mensagem. “Oi, pensei em você durante o dia. Você está bem?” É minha amiga e presidente Ana Rita, que raramente me escreve fora do universo jurídico. Obrigado, Ana Rita, eu não estava bem, mas com sua mensagem fiquei ótimo. É bom ter amigos que pensam na gente e escrevem para perguntar como vamos. Um beijo.
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