Oh, My darling Clementine
Outro dia, meio que sem porquê, até porque fazia décadas que eu não me lembrava dela, me veio na cabeça a música “Oh, My Darling Clementine”, que tocou com insistência, por muitos anos, nos mais variados filmes de caubói.
Mas o que me veio à cabeça não foram os filmes, nem os velhos e bêbados, meio cômicos, que cantavam a música de ceroulas, montados em burros, cruzando as montanhas do oeste norte-americano.
O que me veio à cabeça, no primeiro momento, foi meu pai e eu, menino, andando a cavalo pela fazenda de Louveira.
Mais especificamente, voltando do morro da Cabaninha, a cabana que meu tio Alfredo Mesquita construiu para ele no alto de um morro com vista deslumbrante até hoje, apesar do horizonte mais curto, diminuído pela presença do homem nas cidades que cresceram, nos loteamentos, nas luzes que se espalham e cercam toda a região.
Meu pai era muito desafinado, mas nem por isso tinha vergonha e me cantava as músicas que ele gostava e que, de uma forma ou de outra, marcaram minha infância e juventude. Além de ‘Clementine”, ele costumava cantar a “Canção do Expedicionário”, o “Hino da Artilharia” e “Glory, glory, hallelujah”, para ficar em apenas três.
Os passeios a cavalo não eram exclusividade minha e dele. Ia muito mais gente, irmãs, primos, tias, tios, funcionários da fazenda, e podiam ser bastante longos, como o passeio da caixa d’água de Vinhedo, que levava várias horas para ir e voltar.
Eu não costumo pensar muito no meu pai ou na minha mãe. Foram pais maravilhosos, mas estão mortos e a vida segue em frente. Às vezes me vem uma lembrança numa música ou outra situação qualquer. Aí é muito bom me lembrar deles e da minha vida até aqui.
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