O verde permanece verde
Durante séculos os sinos sempre tocaram, na saúde e na doença. É papel dos sinos tocarem, como é papel das plantas ficarem verdes, pelo menos no final do verão.
Tanto faz se chove ou se não chove, no final do verão o mundo vegetal deve mostrar agradecimento aos deuses que permitem que as chuvas caiam, ainda que em pouca quantidade, alimentando as raízes, engrossando a seiva, dando vida à planta.
E durante o outono o verde deve continuar verde. É nessa época que os frutos chegam, ou deveriam chegar, não fosse a enorme confusão criada pelas plantas que os portugueses transportaram pelo mundo, salvando a Europa da fome e enfeitando as praias do nordeste.
Nessa dança alucinada, coqueiros vieram para cá, a batata foi para lá, mangueiras mudaram de continente e as bananas se espalharam pelo mundo, inclusive no Brasil, onde a única banana nativa é a banana da terra.
Paineiras estão floridas, jabuticabeiras estão dando frutos fora de época, as mexericas ainda guardam algumas frutas e os limões cravos estão carregados.
Pode mais quem chora menos. As margens do rio Pinheiros estão lindas, arborizadas e floridas porque o Fernão Mesquita, alguns anos atrás, inventou o Projeto Pomar.
Pena que as plantas sirvam de esconderijo para os ladrões que assaltam os ciclistas ao longo das ciclovias que margeiam o rio.
Mas não se preocupe, está tudo bem. As autoridades, percebendo o perigo, colocaram placas avisando que há risco de assalto.
É por isso que todas as manhãs, quando a madrugada dá lugar aos primeiros raios do sol, as plantas se curvam e agradecem. Elas não precisam fazer política. Mal sabem elas o risco que correm…
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