O rosa das flores das paineiras
Quem me contou foi um sabiá muito ligado às paineiras. Além de ter ninho nos seus galhos e cantar pousado neles, a relação é mais profunda. Passa pela amizade e se ancora na confiança e na lealdade decorrente dela.
Quando eu o vi pousado no beiral do telhado, imaginei que fosse apenas mais um sabiá querendo tomar banho na tigela d’água da Clô, nossa cachorrinha boxer – nada que os sabiás não façam desde a época do Milho Verde, nosso vaimaroxer negro.
Mas não, o sabiá não queria tomar banho na tigela da Clô. Ele queria conversar comigo, me passar a mensagem das paineiras. E, para isso, era preciso aguardar o momento certo, quando eu o visse e entendesse que a sua intenção não era mergulhar na tigela d’água, nem roubar ração da tigela ao lado.
Ele esperou e chegou lá. Prestei atenção nele, não como um candidato a banho, mas como uma ave atípica. Então ele voou para perto e me contou da sabiá-conferência das paineiras, do manifesto a ser distribuído para a grande imprensa e do pedido para que eu me antecipasse e contasse com todas as letras que o rosa de suas flores não tem qualquer conotação política, nem relação com um hipotético socialismo light.
Para todos os fins oficiais, extraoficiais e oficiosos, a cor rosa das flores paineiras é apenas uma cor especial, desenvolvida ao longo de milhares de anos para contrastar com outras cores da natureza.
Além disso, tem também a finalidade de atrair os insetos e as aves encarregados da polinização. Afinal, a razão de ser das flores transcende a beleza das cores. Ainda que as paineiras sejam vaidosas…
Isto posto, repercutindo o sabiá que trouxe o recado original, meus amigos, meus inimigos, o rosa das paineiras não tem conotação política, nem é contra o impeachment.
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