O reconhecimento do erro
A Grã-Bretanha chegou à conclusão que o governo errou ao aderir à invasão do Iraque, junto com os Estados Unidos.
O que faz tempo que o mundo sabe, e que com certeza os serviços secretos americano e britânico sabiam à época, agora é oficial. O Iraque não tinha armas químicas e os outros meios de solução de conflitos menos violentos que uma invasão militar não estavam esgotados.
O fantástico é o Primeiro Ministro que ordenou o ataque dizer que o mundo está melhor sem Saddam Hussein.
Seria o caso de se fazer uma pesquisa no Oriente Médio completamente conflagrado pelos americanos e britânicos, perguntando o que sírios, líbios, egípcios e os próprios iraquianos estão achando da guerra interminável em que foram metidos por conta do “erro de avaliação” e de se fazer o mundo melhor, matando Saddam.
Também seria o caso de se perguntar quanto as petroleiras norte-americanas e britânicas ganharam com a ação e quanto foi roubado do dinheiro iraquiano bloqueado e colocado sob supervisão da ONU.
Para não falar nos lucros extraordinários da indústria bélica, que aproveitou a chance para refazer os arsenais dos países envolvidos.
Quer dizer, o “erro de avaliação” foi bom para todos que acreditaram nas mentiras sobre as armas químicas, que os serviços secretos sabiam que não existiam. E foi um desastre para as populações atingidas, primeiro, pela guerra do Iraque e, depois, pela “Primavera Árabe”, que desestruturou a ordem regional, culminando nos milhares de refugiados que buscam a Europa e morrem na travessia do Mediterrâneo, porque é melhor morrer tentando fugir do que ficar em casa do jeito que está. Ainda bem que os britânicos reconheceram o erro. A questão é se o reconhecimento vai refazer as vidas destroçadas ou se só reconhece, mas não serve para nada.
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