O paradoxo do nós e eles
É curioso, São Paulo vive um paradoxo interessante. A atual administração da cidade diz que a coisa se divide entre “nós” e “eles” e se coloca firmemente ao lado do “nós”.
Até onde isso é verdade é outra questão. Mas não custa entrar um pouco no assunto.
Em primeiro lugar, será que alguém acredita realmente que os nobres ocupantes dos cargos do primeiro escalão da prefeitura são pobres, ou que vivem com alguma coisa parecida com o salário mínimo ou o bolsa família?
Será que alguém acredita que eles estejam na fila do Minha Casa Minha Vida, esperando moradia popular, porque não têm onde morar?
Não, com certeza ninguém acredita. Como não acredita que eles andem de ônibus em vez de voarem em reluzentes helicópteros, que às vezes quebram e obrigam os bem-aventurados homens públicos a descerem às ruas que eles estão destruindo.
O “nós” e o “eles” só mostra a miséria intelectual que os obriga a copiarem o eleitor de postes caído em desgraça, responsável por estarem no poder.
Mas, entrando no concreto, o que estão fazendo pelos ditos “nós”, espremendo pedra e tirando sangue de árvore, não é lá muita coisa. É só olhar o Jardim Ângela, o Jardim Pantanal, as favelas próximas do Centro, a Cracolândia ou as creches que não foram feitas para não se ter dúvida de que não fazem nada ou, no máximo, fazem menos que muito pouco.
A contrapartida é destruir o bom e o que funciona em nome de que é dos “eles”. Aí a sanha corre solta. Quanto pior, melhor. São Paulo é a única grande cidade do mundo em que a Prefeitura, em vez de melhorar o que está ruim, degrada o que é bom.
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