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Crônicas & Artigos

em 11/01/17

O mundo mudou

50 anos atrás não é tanto tempo assim. Quer dizer, atualmente, para mim, meio século não é muito. Já foi, de achar quem tinha 50 anos um velho. Como eu tenho 64, 50 anos é idade de criança. Imagine, só tem 50 anos…

Em termos históricos, 50 anos não é nada, mas as mudanças do mundo nos últimos 50 anos são de assustar e dão uma enorme vontade de tocar em frente para ver o que vem no futuro.

Confesso que fico triste vendo as crianças nos restaurantes, nos almoços de domingo. A maioria com seu celular ou tablet, jogando sei lá o quê, enquanto os país, também com seus instrumentos de comunicação, permanecem no mais absoluto silêncio, concentrados em digitar, responder mensagens, ver o mundo e até perguntar pela família, que está na mesa, mas cada um consigo mesmo, no seu universo, dividindo a solidão.

Cada vez que eu vejo isso me pergunto quando alguém vai inventar um aplicativo para fazer amor. Isso mesmo, para transar. Como ninguém fala com ninguém, fico imaginando como deve ser a comunicação nas horas de falar de amor, nas horas de tocar, descobrir, fazer amor.

Se não criarem logo um aplicativo para transar, a humanidade corre o risco de desaparecer. Afinal, Deus só deu uma alternativa para nos reproduzirmos. Pode ser que no futuro as coisas mudem, que um cientista invente uma forma de divisão de células que gere vida humana. Até lá, não tem jeito. A coisa tem que ser como sempre foi.

Vão me chamar de saudosista, mas não é isso. Há 50 anos era mais divertido. Bom era jogar bolinha de gude, usar estilingue numa série de ações que hoje seriam politicamente incorretas, brincar de mocinho e bandido, descer ladeira com carrinho de rolemã. Bom era fazer arte. Correr, brincar com os amigos e, depois, namorar. Cada época é uma época, mas vendo a solidão de hoje, me parece que a minha foi mais divertida.

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