O inusitado no parque abandonado
O Alexandre é quem grava meus programas na Rádio Estadão. Já faz tempo que, uma vez por semana, no encontramos nos estúdios para gravar o Seguro e a Crônica da Cidade. E esta relação se transformou em amizade, que resulta em conversas que, às vezes, viram crônicas, como é o caso desta.
Ele saiu da Rádio e decidiu ir pra casa fazendo seu exercício. No caminho, parou no Parque da Vila Leopoldina, que está abandonado. A imensa área está suja, maltratada, com mato alto.
Foi lá que ele filmou oito patinhos pequenos, com poucos dias de vida, caminhando protegidos pelo mato.
É a vida acontecendo na cidade. Ninguém imaginaria que, num parque sujo e abandonado, seria possível encontrar oito patinhos, andando em fila, um atrás do outro, com aquele gingar gozado, típico dos patos fora d’água, como nos desenhos animados ou nos sítios do interior.
O Alexandre me mostrou o filme feito com seu celular e me perguntou se eu sabia que bicho era aquele. Como passei boa parte da minha infância e juventude na fazenda da família, eu sabia. Patos, marrecos, gansos e penosas em geral não me são estranhos.
Mas dificilmente a maioria dos moradores de São Paulo diria que eram patinhos selvagens, bem escondidos pela mãe, caminhando protegidos pelo mato do parque abandonado, seguros numa área inusitada da cidade grande.
São Paulo tem curiosidades espantosas. Tem onça pintada e parda. Aves que abandonaram as matas. Cobras que sobem nos elevadores e mais uma infinidade de bichos bonitos, perigosos, voadores, sem patas, enfim, de todos os jeitos. Tem até gente, aliás, muita gente, quase sempre maltratada.
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