O guindaste no horizonte da praça
Faz tempo que eu falo da Praça do Por do Sol. Por várias razões. Começando por, 40 anos atrás, eu ir lá para assistir o por do sol.
Hoje, a praça é meu caminho da roça. Passo por ela quase todo os dias no caminho para o escritório. É um lugar mágico, onde as vibrações do sol se pondo enriquecem as pessoas, além de fazer bem para os olhos, e para alma.
Na sua encosta íngreme nos fundos do Alto de Pinheiros, a praça ocupa lugar de destaque na paisagem do bairro. Praticamente o separa em dois, fazendo contraponto para a antiga Estrada da Boiada, atual Diógenes Ribeiro de Lima, que, também, não é tão atual assim.
Tanto faz, a Praça do Por do Sol tinha horizontes largos, fosse para o lado que fosse.
Faz tempo que isso acabou. Para os lados da USP a visão voa longe, mas para o lado de Pinheiros, o horizonte ficou curto, fechado por prédios que nas manhãs de névoa parecem uma paliçada protegendo a cidade de um ataque de gigantes.
A rapidez com que São Paulo muda de cara, ocupa os espaços, sobe em prédios e se espalha para todos os lados impressiona o mais otimista dos fãs das grandes metrópoles.
São Paulo é um polvo em permanente movimento. Uma bolha gigante que engole todas as cercas, vara todos os muros e ocupa o planalto como quem tem fome e precisa sempre comer mais.
Fazia tempo que o horizonte da Praça do Por do Sol não mudava. Eram prédios e mais prédios, mas não se via a construção de um prédio novo. Agora, isso mudou.
O guindaste gigantesco subindo em direção ao céu com seu braço enorme a 90 graus, não permite dúvida. A cidade voltou a crescer.
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