O galo da madrugada
São Paulo é uma cidade gigantesca em todos os sentidos. A área é imensa, a população é das maiores do mundo, o PIB impressiona.
Mas a cidade vai muito além dos indicadores comuns. Com certeza, temos muito mais ratos do que seres humanos e mais baratas do que ratos. Até há pouco tempo, tínhamos também pernilongos, mas ou foram dizimados ou estão fora de circulação, gozando um ano sabático nas montanhas do Azerbaijão.
Ninguém tem certeza de nada. O que valia ontem não vale hoje cedo e pode valer de novo amanhã de manhã. O ritmo é alucinante e pode ser visto no trânsito quase sempre parado ou nas pessoas andando depressa pelas ruas da cidade.
São Paulo tem uma população de capivaras em franca expansão. Quem duvida deveria dar uma chegada na Cidade Universitária para ver a proporção que a colônia da Raia da USP está adquirindo.
Ou se coloca uma onça para dar um jeito ou a região estará dominada pelos pesados ratões que passam doenças para o ser humano.
São Paulo tem uma população impressionante de sabiás laranjeira. Atualmente, eles chamam mais atenção do que os pardais, que já foram os donos do pedaço, mas vão perdendo competitividade.
Também temos periquitos de todos os tipos, cores e tamanhos, naturais e estrangeiros. E temos pombas, imundas como compete às pombas serem, mas que se fazem de santas e enganam o próximo.
Mas a cidade tem mais e esse mais é inusitado. São Paulo tem cavalos, vacas, jegues, burros, uma infinidade de cães e gatos e… galos.
Galos que cantam de madrugada, anunciando a chegada do dia. Galos que dão à metrópole o som das cidades do interior, como que querendo resgatar a antiga vila perdida na boca do sertão.
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