O desmanche do Rio de Janeiro
O desmanche do Rio de Janeiro não foi obra do acaso, nem da incompetência que é a marca registrada da maioria das administrações públicas nacionais.
O desmanche do Rio de Janeiro não caiu do céu, nem chegou travestido de baiana sambando na frente da bateria de uma escola de samba desfilando de costas.
O desmanche do Rio de Janeiro foi obra sólida, feita com tenacidade, planejamento e muita competência. Trabalho de profissional, que analisou todos os ângulos da questão, que fez testes prévios, como a ciclovia engolida pelo mar, equipamentos pan-americanos e olímpicos, apartamentos com vazamento ou sem água, enfim, coisa de gente grande, seriamente disposta a acertar.
Não foi um processo rápido para aproveitar um furo na lei ou coisa assim. Não, foi sistemático e envolveu várias administrações estaduais e municipais, numa sequência que, se tivesse sido desenhada numa linha do tempo, não teria dado tão certo como deu.
As peças foram sendo colocadas uma a uma, com método, estudos detalhados, análises clínicas, patológicas e de impacto social. As comunidades foram sendo chamadas a aderir sem perceber a o que estavam aderindo. Quando viram, era tarde. O morro estava ocupado, as praias estavam ocupadas, as ruas, túneis e os jardins do Aterro do Flamengo estavam nas mãos dos bandidos.
Trabalho de apresentação. Case para ser estudado nas principais universidades do mundo. O resultado fantástico da soma da bandalheira com jogadas políticas feitas por políticos de quarta categoria.
Deu no que deu. Não tinha como ser diferente. Planos bem implementados normalmente dão certo. O Rio não foi a exceção da regra.
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