O aniversário do poeta
Será que os poetas fazem anos? Tenho minhas dúvidas, na medida em que vários deles, além de traduzir a linguagem dos anjos e nos colocar em comunicação com Deus, são atemporais, nas ideias e na forma de encarar a vida.
Mas os poetas também são seres humanos, feitos à imagem e semelhança do Criador – eles, com certeza; nós, quem sabe.
Se até o Filho do Homem nasceu de mulher, por que os poetas seriam diferentes? Além disso, não passar pelo parto os faria incompletos, deixariam de viver uma experiência fundamental e dramática.
Todo mundo começa a morrer no instante em que nasce. A mesma mulher que materializa o milagre da vida nos condena à morte. Os poetas sabem disso com uma profundidade muito mais lúcida, muito mais clara.
Por isso os poetas gostam de fazer anos, de comemorar a data de seu nascimento, ainda que, de verdade, sendo pra eles apenas um ato quase que burocrático, para limitar a vastidão da eternidade.
Hoje é aniversário de um dos maiores poetas da língua portuguesa. Poeta por inteiro, por dentro e por fora, na obra e na vida.
Hoje é aniversário de Paulo Bomfim, o Príncipe dos Poetas Brasileiros, autor de alguns dos versos mais belos escritos em português e, mais que isso, poeta da vida, ou melhor, poesia em movimento.
Paulo Bomfim não é poeta apenas porque escreve versos com raro talento e excepcional domínio da técnica.
Paulo Bomfim é poeta porque nele a vida corre em versos. Nele a beleza do mundo busca guarida contra o mal e o feio. Nele cada ideia e cada gesto transcendem a rotina humana e mergulham na eternidade da poesia. Hoje é aniversário do poeta. Parabéns, Paulo Bomfim.
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