Nevoeiro pré-eleitoral
Quinta-feira de manhã cedo. Quinta-feira antes das eleições. Por volta de sete, sete e pouco, eu abro a porta e saio para o jardim, para pegar meu carro e ir para o escritório. Saí distraído, com nossa cachorrinha Clotilde pulando na minha perna e, no primeiro momento, não vi. Só quando abri a porta do carro e olhei para trás para ver onde a Clotilde estava é que percebi o nevoeiro que chegava quase no chão, numa camada densa, dessas quase de se cortar com faca, raras nos últimos anos.
Normalmente, os nevoeiros mais densos acontecem entre a noite e a madrugada. Eles são raros no começo da manhã. É verdade, na Serra do Mar o quadro é outro e a neblina pega pesado a qualquer hora do dia.
Mas a Zona Oeste da cidade não é a Serra do Mar, por isso assustei com a neblina entrando pelo jardim. Minha primeira reação foi imaginar onde estaria pegando fogo e que era um incêndio grande, pela fumaça que tomava a região.
Quando olhei de novo, entendi que era nevoeiro. O que eu não sabia – e continuo sem saber – é qual a sua causa. Evidentemente, os meteorologistas podem explicar o que aconteceu, inclusive porque o fenômeno não era exclusividade do meu bairro. O helicóptero da Rádio estava no chão por falta de visibilidade para levantar voo.
Nessas horas, os leigos e os videntes acham que sabem tudo e as explicações sem qualquer fundamento brotam que nem chuchu na serra. De fenômeno climático – que evidentemente é – a ataque dos Incas Venusianos, vale tudo.
Não é por aí que as coisas giram. Os fenômenos climáticos decidiram que são a bola da vez e um nevoeiro, por mais implicante que alguém seja, será sempre um nevoeiro, ou um fenômeno climático. O dado apavorante é que tem quem diga que foi um caso de vergonha pré-eleitoral.
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