Nevoeiro na entrada da barra
Algumas barras são largas e fáceis, como a Barra de Santos. Outras são complicadas, difíceis, rasas, com pedras, bancos de areia e outros perigos escondidos, que ameaçam a embarcação pilotada por marinheiro sem prática.
Pouca gente vai se lembrar, mas, muitos anos atrás, um importante veleiro brasileiro navegou para Buenos Aires para participar da Regata Buenos Aires/Rio. Na entrada do Rio da Prata um prático da marinha argentina se apresentou para conduzir o barco até o porto. O comandante do veleiro ficou uma fera e, afirmando que onde um argentino navegava um oficial brasileiro também navegava, meteu o veleiro rio a dentro, encalhando num banco de areia, onde o barco ficou preso durante vários dias, sem poder participar da regata.
O cenário político eleitoral está mais ou menos parecido. Só que, além da barra ser traiçoeira, um denso nevoeiro esconde os pontos de referência, complicando ainda mais a difícil navegação.
Como se não bastasse, todo mundo fala o que quer, sem prestar atenção no que está falando, para em seguida se desdizer e falar exatamente o contrário, entre juras de que nunca falou o que falou, que foi tudo culpa da imprensa que não entendeu o recado.
A verdade é que nenhum dos nomes que estão aí encanta o eleitor. Tanto faz a cor do voto, a ideologia, a vontade de fazer, ninguém está satisfeito ou minimamente conformado com as opções existentes, seja lá para o cargo que for.
É um cenário apavorante, especialmente se lembrarmos que o próximo presidente precisa votar assuntos fundamentais para o futuro do país e os governadores precisam colocar ordem na casa. Pode mais quem chora menos. Nossa arma para mudar isso é o voto. Pense e vote certo.
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