Não vai dar certo

No intuito de mostrar que seu rebaixamento no ranking universitário internacional é uma manobra das universidades norte-americanas, com medo do crescimento da América Latina no cenário das melhores universidades do mundo, a USP acaba de recrutar algumas de suas melhores cabeças para desenvolver um programa de impacto universal, capaz de competir de igual para igual com o Google ou o Facebook.

Numa ação com profunda visão social, que pode ser um eficiente instrumento de controle da população, a Universidade de São Paulo acaba de criar um espaço misto de calçada e ciclovia que não vai dar certo.

E não vai dar certo porque não pode dar certo, não tem jeito de dar certo, está completamente errado, desde o conceito até a implementação.

Uma coisa é um ciclista, outra coisa é um pedestre. Da mesma forma que sapatos são sapatos e bicicletas são bicicletas. Não dá para misturar, compartilhar um mesmo espaço, ainda por cima quando o espaço é apertado e em alguns pontos não tem área de escape.

Eu sei que não vai funcionar por experiência própria. Já me vi perto de ser vítima de um acidente porque de um lado vinha uma bicicleta, de outro, vinha outra e entre as duas estávamos a Clotilde e eu.

Se o ciclista que vinha em minha direção não breca e tira a bicicleta da calçada teria acontecido um acidente sério porque o outro ciclista vinha pelas minhas costas pedalando feito uma vaca louca, passou por nós feito uma vaca louca e tocou em frente sem olhar para trás como um perfeito imbecil.

Por sorte, a calçada estava vazia e além de nós não tinha outros pedestres ou ciclistas. Se tivesse mais gente no pedaço, a coisa teria ficado feia. É por isso que eu tenho certeza que a USP teve uma má ideia, que, para completar, foi mal implementada. Não vai dar certo.