Muito mais é muito mais
Tem gente que não se contenta com pouco. Quer mais. Sempre mais, sem perceber que, em algum momento, a boca será maior do que o estômago.
Pena que nessa hora costuma ser tarde. Não adianta pedir para parar o mundo para descer cinco minutos e ficar encostado num barranco vendo a vida passar. Quando o porre chega, chega. Tanto faz, não há remédio, nem beberagem que dê conta, que cure ou minimize o estrago.
Quem come mais do que pode passa mal. É da natureza humana ser assim. Mesmo que insista, vai fazer água, ou coisa pior, por conta do excesso, da falta de moderação, da gula irrefreável, que mata e engorda.
Muito mais, muito mais, muito mais. A cobiça, a ganância é insaciável. A pessoa entra de cabeça, atola as mãos, os pés, o resto do corpo, pega o que pode e o que não pode e se esquece que a água está entrando e que, com o barco afundando, não tem como nadar carregado de riquezas, que servem apenas como âncora para te puxar para o fundo.
A cobiça não tem limite. Quanto mais tem, mais quer; quanto mais rouba, mais rouba; quanto mais quer que o mundo se dane, o mundo dana com o indivíduo. É só questão de tempo para a conta chegar.
E a conta chega. Chega sempre, e chega aqui. Não precisa esperar pelo inferno, pelo purgatório, ou por qualquer outro castigo eterno. A conta é paga aqui, com juros e correção monetária.
Muito mais é muito mais, ninguém tem dúvida sobre isso. Então se já pegou muito, por que não pagar muito mais? Quem nunca comeu melado se lambuza. Mosca que marca touca fica presa na teia da aranha.
Não queira mais do que você pode suportar. Não queira demais uma coisa porque um dia você consegue. Dizia meu tio Alfredo Mesquita que, pior do que isso, só acordar cachorro dormindo.
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