Muhammad Ali
Morreu o maior de todos os boxeadores. Mohamed Ali, o gigante do ringue, o bailarino, o homem que não abaixou a cabeça. O negro que poderia nadar de braçada no mundo dos brancos, mas que se recusou a aceitar a regra do jogo e pagou o preço pela ousadia.
Cassius Clay, campeão do mundo peso pesado, um belo dia se anunciou Mohamed Ali. O campeão não mudou apenas de nome, mudou a atitude. Mudou de vida. Aceitou pagar o preço de ser a bandeira na luta pela igualdade racial que então sacudia os Estados Unidos. Aceitou ser o emblema dos que não compactuavam com as regras brutais que achacavam os negros em todos os campos.
Aceitou dizer não para a guerra do Vietnã. E pagou caro pelo desafio à ordem estabelecida, a democracia onde alguns eram mais democratas do que os outros.
Eu assisti pela televisão a volta de Mohamed Ali numa luta histórica, que perdeu por pontos, em 1971. Me lembro até hoje, a televisão branco e preto, na sala do Grêmio General Malet, na Artilharia do CPOR.
Como me lembro, depois de alguns anos, a volta triunfal, numa luta alucinante no Zaire. Ele se deixou bater até perceber que o momento havia chegado e, numa sequência de golpes fulminantes, inesperada e maravilhosa, acabou a luta, num nocaute que não deixou dúvidas sobre quem era o maior, quem era o melhor.
Se Pelé é o maior jogador de futebol do mundo, e quem o viu jogar não tem dúvidas sobre isso, Mohamed Ali foi o maior lutador de boxe da história, e quem o viu lutar também não tem dúvidas sobre isso.
Não é todo dia que surge alguém extraordinário. Os gênios não estão nas prateleiras dos supermercados. Por isso, quando surgem é como se uma nova luz mudasse a cor do mundo. Eles fazem a diferença. Por isso a morte de Mohamed Ali deixa todos nós um pouco menores.
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