Meus Pais
No dia 24 de outubro passado, meu pai teria completado 95 anos de idade. E no dia 21 de novembro, minha mãe faria 92. Não chegaram lá. Ele morreu no dia 3 de abril de 2006 e ela no dia 3 de abril de 2015. Exatamente 9 anos depois, com uma diferença de duas horas.
Eu estou convencido de que ela fez de propósito. Não foi força do acaso, nem destino. Foi ela quem decidiu morrer no mesmo dia que ele, se possível, na mesma hora. Por muito pouco não chega lá. Quatro dias antes de sua morte, nosso médico, Dr. Raffaelli, nos chamou, minhas irmãs e eu, para dizer que ela teria, no máximo, mais um dia de vida.
É que o Dr. Raffaelli, apesar de ter sido seu médico por muitos anos, e de conhecê-la bem, não conhecia tão bem assim a enorme capacidade de Pádua Salles teimar.
Dizem os que conhecem bem o assunto que é da raça. Eu sou suspeito porque sou Salles por parte de pai e de mãe, então prefiro não falar nada, exceto que, é verdade, somos teimosos.
Meu pai era um homem altamente sociável. Adorava seus amigos, ter gente em casa, sair para almoçar, para jantar, frequentava diariamente o São Paulo Clube e conversava com meus amigos de igual para igual.
Também gostava de pescar. Quando eu era criança, tinha uma casa em Cananéia, com meus tios Júlio Salles e Ruy Mesquita, e uma lancha no Guarujá, com tio Júlio.
Depois teve um barco só dele. E, ao longo de boa parte de sua vida, navegou no Albardon, de tio Ruy, e no Adriana, de Tio Caco, em viagens de todos os jeitos pela costa paulista e do Rio de Janeiro.
Minha mãe era mais introvertida. Acompanhava meu pai, era alegre, inteligente, culta, bom papo, relativamente boemia, mas fechada. Dizia meu pai que estava no sangue. Os dois estão mortos. Ele saiu de cena em 2006, ela em 2015. Só posso dizer muito obrigado. Vocês foram grandes pais!
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