Medalha ou alteres?
Diz um amigo meu que quanto mais insignificante quem usa ou outorga, maior a medalha ou a quantidade de condecorações.
É só olhar o peito dos ditadores ou presidentes espalhados por aí para se ter certeza de que meu amigo está certo.
Houve época em que um Idi Amim Dada se proclamava Rei da Escócia e enchia o peito com medalhas de todos os tamanhos, formatos e cores e o freezer com o fígado dos inimigos.
Hoje é um pouco mais discreto, mas, mesmo assim, lembre o colar, a faixa, as condecorações e o blusão comumente usados por Hugo Chaves e compare com o terno de Barack Obama, ou com as roupas sóbrias da Rainha da Inglaterra, e fica óbvio o que meu amigo quer dizer.
E a regra se repete entre as organizações civis, patrióticas, culturais, históricas, sociais e o mais já inventado pela necessidade humana.
Reconhecer e ser reconhecido. É bom e faz bem. Quem disser que não gosta está mentindo. E é justo. Tem quem merece todo o reconhecimento do mundo.
Tem quem goste e quem faz que não gosta. Mas isso não muda a verdade do comentário do meu amigo. É transitar pelo mundo em todos os campos, de subchefe de subseção a presidente para ver como a coisa gira.
Quanto menos, mais. A medida do brilho das medalhas, dos rituais e das cerimônias é inversamente proporcional à sua importância.
Como prova, o alteres que eu acabo de receber para substituir a bela e delicada medalha de uma organização cultural aqui de São Paulo.
Fico pensando que mosca azul levou à substituição da boa e antiga medalha por um equipamento pesado, um alteres, pensado para ser instrumento de tortura, que se pendura no pescoço para forçar o torcicolo.
Voltar à listagem