Mais azaleias
Por que as azaleias este ano decidiram tirar a fantasia do armário e desceram pras ruas com toda a força da natureza, enchendo os olhos de quem as vê, como torta de maçã, ou sorvete de mangaba?
As respostas são difíceis e variam de acordo com religião, sexo, time do coração e observações empíricas de dezenas de milhares de paulistanos, cada um com sua versão, com sua verdade e sua razão.
A resposta mais aceita é que as azaleias floriram porque se sentiram afrontadas pelo urucum boliviano que a prefeitura espalhou nas ruas para marcar o espaço das bicicletas.
Outra versão coloca a culpa na sujeira das ruas e praças e assume que as azaleias fizeram o que fizeram para tentar tapar o feio e o sujo que a Prefeitura transformou em marca registrada da metrópole.
Há quem diga – e com bastante suporte – que as azaleias floriram porque se indignaram com as barbaridades cometidas nos escândalos de corrupção que pipocam religiosamente quase todos os dias.
Há quem sustente que a florada veio carregada porque o PT traiu suas bases e, por isso, algumas azaleias envolvidas com a luta sindical convenceram suas colegas a protestar, mostrando seu vermelho mais belo para lembrar a cor da bandeira e a pureza da Revolução durante a Grande Marcha de Mao Tse Tung.
Muita gente tenta ligar a florada aos acidentes de trânsito. Outros, mais ou menos inseridos neste grupo, vão além e dizem que as azaleias protestam contra a redução da velocidade na cidade.
O que ninguém nega é que para radares modernos a Prefeitura tem dinheiro, mas para arrumar semáforos, pintar faixas e tapar buracos, não. Então, de acordo com versões cabalísticas, as azaleias estariam floridas porque só falta um ano para essa administração ir embora.
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