Machado de Assis reescrito
Quando minhas filhas estavam no colégio, um dia uma delas me mostrou uma prova baseada na obra de Clarisse Lispector. Eu li, reli e não achei nada que lembrasse a grande escritora.
Pedi para ver o livro e minha filha me deu uma apostila, que tinha a petulância de “simplificar” Clarisse Lispector, como se a genial escritora precisasse de tradução. O texto da apostila era de uma mediocridade única, com palavras que Clarisse jamais utilizaria.
Pois pasmem! Depois de tentarem impingir a pecha de racista a Monteiro Lobato, agora decidiram que é preciso “simplificar” o maior escritor brasileiro, o mais que genial Machado de Assis, para os alunos do ensino médio entenderem sua obra.
O fascinante é que a barbaridade tem apoio do Ministério da Cultura e pretende imprimir 600 mil livros, reescritos por uma professora que praticamente ninguém sabe quem é, mas que tem a pretensão de saber como se traduz o intraduzível.
Longe de mim imaginar que atrás disso tenha alguma maracutaia. Que o projeto seja uma forma de alguém colocar uma grana no bolso. Mas que é muito estranho, é.
Enfim, como o Brasil vive a ditadura do PT, somada aos que imaginam que são os donos da verdade, e nela o cidadão é um imbecil que necessita a proteção do governo para decidir desde como compra refrigerante até como vai ao banheiro, não é de assustar que alguém que nunca leu nem os gibis de Maurício de Souza tenha decidido que é preciso traduzir Machado de Assis para os alunos do ensino médio.
Se dissessem que Machado não escreveu para jovens, é verdade e seria ótimo retirarem seus livros da pauta do segundo grau. Mas simplificá-lo, isso é sem sentido, é mais, é crime contra a cultura nacional.
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