Leonard Cohen morreu
Depois da festa comovente da posse de Jô Soares na Academia Paulista de Letras, no último dia 10, veio a ressaca, logo de manhã cedo, no dia 11. Li no Estadão que Leonard Cohen, o grande poeta e compositor canadense, havia morrido.
Sou fã de Leonard Cohen desde o começo da década de 1970, quando descobri maravilhas como “Bird on the wire”, “Suzanne”, “The Partisan” e outras músicas deslumbrantes, com letras lindas, da mais alta qualidade poética, e um ritmo todo próprio, inconfundível, na toada da voz grave do compositor que, muitas vezes, em vez de cantar, se aproximava da declamação, unindo o cantor e o poeta no universo do palco.
Aliás, em mais de uma entrevista, Leonard Cohen disse que começou a cantar para popularizar sua poesia. Para atingir o grande público que através do livro ele não conseguia alcançar.
A música de Leonard Cohen tem que ser escutada de duas formas distintas. Cantada por ele e cantada pelos outros. Cantada por ele, que é como eu mais gosto, é uma música profundamente introspectiva, com a letra se destacando dentro da obra.
Cantadas pelos outros, as músicas de Leonard Cohen variam de ritmo e intensidade, com o ponto alto nas várias versões gravadas em ritmo de rock de “Bird on the wire”.
Artista surpreendente, num mesmo show ele era capaz de reinventar os antigos sucessos ao mesmo tempo que intercalava uma música nova, deslumbrante, com peso para enfrentar sua biografia sem medo de ser feliz.
“Llike a bird on the wire, like a drunk in a midnigth choir, I have tried in my way to be free”. “Como um pássaro no fio, como um bêbado num coral à meia noite, em meu caminho eu tentei ser livre”. Voe livre, Leonard Cohen, componha para os anjos! O céu agora é o seu limite. Hallelujah!
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