Lembranças do Dante
Quando eu era menino o inverno costumava ser bem diferente. Eram comuns dias cinzentos, frios, com uma garoa fininha, que caía oblíqua, balançando de um lado para o outro, em função do vento soprar ou não.
Doía nos ossos. Varava a carne, que ficava arrepiada, para bater no fundo do osso, no tutano, mesmo estando protegido por uma japona de lã ou um casaco de náilon, então a última moda para proteger da chuva e do frio.
Acordar cedo era um tormento, não por causa da hora, mas por causa do frio que a gente sentia ao sair da cama para ir ao banheiro se arrumar para ir para o colégio.
Eu estudava no Dante Alighieri, de onde “sairão os mais valorosos pioneiros que pela taba espalharão todo o saber de sul a norte”.
Colégio de grandes espaços, quando fui estudar lá, no pré-primário, ainda havia o campo de futebol, onde fiz minha primeira comunhão, na companhia dos outros alunos da mesma série. Festa bonita, com o campo cheio. Mas bom mesmo eram as aulas de educação física, nas quais tinha salto em altura, corrida e outros esportes que praticávamos no gramado do campo de futebol.
Minhas lembranças do Dante Alighieri vão do amor a um sentimento oposto, mas que nunca foi ódio. Curiosamente, eu gostava do colégio e suas regras, para mim, eram um desafio a vencer, fosse na direção que fosse. A favor, estudando e tirando notas boas, ou contra, cabulando aula ou em outras empreitadas tidas como incorretas ou passíveis de punição. Apesar de, anos depois, ter recebido a Ordem do Sino, nem sempre fui um bom aluno. Meu grande protetor se chamava Professor Aristodemo Ghidelli. Ele tem uma parte importante no meu diploma e, por tudo o que me ensinou, nunca vou me esquecer dele.
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