La cacerole, muito tempo
O Largo do Arouche é um lugar fantástico e poderia ser um dos mais bonitos da cidade.
Comparável aos mais bonitos de Paris, Londres, Madri ou Lisboa, só não seria comparável a Roma porque não é antigo o suficiente para isso.
Mas o Largo do Arouche não é o que poderia ser. Pelo contrário, está deteriorado, malcuidado e, de noite, se transforma em terra de ninguém.
O Largo do Arouche já foi um pedaço da Europa no coração de São Paulo. O seu entorno tinha lojas finas, belos restaurantes e prédios de luxo. Para não falar nos cinemas e mesmo no Teatro Itália, bem perto, na esquina da Avenida Ipiranga.
Desse tempo de glória não sobrou muita coisa. A Academia Paulista de Letras continua firme e forte em sua sede. As bancas de flores marcam posição do outro lado da rua. A estátua do Brecheret segue deitada na sua base. Mas a maioria dos bustos dos escritores foi roubada.
O Largo começa a se transformar num novo polo gastronômico. Aos poucos, restaurantes inéditos vão ocupando os espaços, respeitosamente, como convém a quem chega para ficar ao lado do La Cacerole ou do Gato que Ri, dois veteranos do Largo do Arouche que, ao longo de todos estes anos, se mantiveram firmes e fortes, em suas casas originais.
O La Cacerole é um restaurante sofisticado, focado em comida francesa. O Gato que Ri é mais popular, mas também tem comida farta e muito boa.
Eu frequento o La Cacerole há cinquenta anos. Quem primeiro me levou lá foi minha avó Sara, quando eu tinha perto de quinze anos. Depois frequentei com o Beto Tassinari e a Adriana Mattoso, para comer faisão. E nunca mais parei, até os dias de hoje. Quem quiser um belo bife tartar ou uma lula especial, vá ao Cacerole. Com certeza não vai perder a viagem.
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