Já foi diferente
Cada um é cada um, por isso cada um sabe de si. São Paulo já foi muito diferente do que é hoje e não faz tanto tempo. Não acontecia todo dia, mas volta e meia surgia notícia de que alguém havia transformado um terreno baldio numa praça, que os moradores de uma região estavam tratando uma nascente próxima, que uma rua esburacada estava sendo mantida pela comunidade e por aí ia, numa toada de notícias boas, de exercício de cidadania, de fazer bem feito porque é bom fazer bem feito.
É verdade, o trânsito vem desandando faz muitos anos. Não adianta pedir paciência, nem explicar que com o caos fica pior. Está tão ruim, vem piorando tanto que os motoristas simplesmente não ligam para nada, fazem que querem, do jeito que querem e dane-se o mundo.
Mas sem contar o caos nas ruas, caos criado pela incompetência da CET, aprimorada dia a dia, num longo percurso de entrega intensa, somada à boçalidade e falta de paciência de parte dos motoristas, a cidade até que caminhava bem.
Tinha defeitos, problemas sérios, falta de verde em grande parte de sua área, falta de esgoto tratado, ônibus velhos, túneis que são piscinões disfarçados e outras barbaridades, como ponte para porta-avião passar debaixo, mas até que a coisa ia. A vida pegava relativamente leve.
Havia um clima de tentar fazer melhor ou, pelo menos, não deixar ficar tão ruim. As pessoas se falavam mais, se ajudavam, somavam umas com as outras, na tentativa de fazer menos ruim o que poderia ficar péssimo.
Agora mudou tudo. Quase ninguém tem paciência, quase ninguém tem boa vontade, quase ninguém ajuda alguém. Pode mais quem dá mais porrada. Danem-se os outros. O negócio é levar vantagem.
É assim que é, e é muito triste.
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