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Crônicas & Artigos

em 25/06/18

Ipês roxos

A florada dos ipês começou. A cidade está embandeirada com os cachos de flores dos ipês roxos. Os ipês têm a capacidade de surpreender.

A cada florada você acha que aquele é o ipê mais bonito, mas só até vir a florada seguinte e você mudar de opinião, porque este é mais bonito do que aquele.

A ordem das floradas foi milimetricamente planejada para ser a mais bela possível, num crescendo impressionante que acaba quase como começou, com os ipês rosas fechando a festa aberta pelos ipês roxos, alguns meses antes.

Agora, é o momento dos ipês roxos. Eles puxam a fila e enfeitam para festa de gala os cemitérios São Paulo, Araçá e Consolação. O mais densamente arborizado é o São Paulo. Provavelmente porque sua área é menor, ele concentra mais as árvores, o que as faz juntarem os galhos e, consequentemente, os cachos de flores.

A magia da natureza faz que não existam dois ipês iguais, da mesma forma que não há dois seres humanos iguais. Cada um é cada um, na forma dos galhos, no tamanho da árvore, na cor das flores.

Como os ipês têm muito mais de humanos do que se pensa, a vaidade acirra a competição entre eles e quem ganha com isso é a cidade, que fica mais bela graças ao capricho de cada árvore querendo superar as outras.

Os ipês floridos são o Brasil mostrando que pode dar certo. Que se nós não atrapalharmos muito, as coisas entram nos eixos, é só ter um pouco de paciência e começar a separar o joio do trigo.

É missão passada com seriedade. Cabe a cada um de nós fazer as escolhas certas, empurrar a canoa, vencer a cachoeira e voltar ao curso do rio, na toada das águas correndo para a foz. Pode mais quem chora menos. Essa a lição dos ipês. Vamos tocar em frente, no ritmo das flores ao vento.

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