Ilustres esquecidos
Outro dia almocei com o poeta Paulo Bomfim, o pianista Marcelo Bratke, sua esposa, a artista plástica Marianita, e a princesa Anita Luzzati, mãe da Marianita e da jornalista Chiara Luzzati, minha colega por muito tempo na Rádio Eldorado.
A razão foi uma entrevista feita pelo Marcelo Bratke com o poeta Paulo Bomfim sobre Heitor Villas Lobos, o genial compositor brasileiro que no século 20 se igualou a Stravinsky e Gershwin, ficando entre os maiores músicos da época.
Durante o almoço, após a entrevista, prosseguindo no tema, o Marcelo me perguntou como eu via Villa Lobos no cenário brasileiro atual, em comparação com Stravinsky e Gershwin. Minha resposta foi de bate pronto: “Completamente esquecido e os outros, não”.
É triste, mas todos concordaram. Villa Lobos está fora da grande imprensa, suas músicas não são tocadas e poucos jovens ouviram falar nele.
Nada que não aconteça com outros grandes artistas da música e de outros setores. Quantas pessoas sabem quem foi Camargo Guarnieri?
Quantos jovens já leram Guimarães Rosa ou Graciliano Ramos? Quem sabe que existiu um Mario Palmério ou Cassiano Ricardo? Quem ainda lê Oswald e Mário de Andrade? Quem sabe quem foram
Clóvis Graciano, Pancetti ou Rebolo?
O Brasil tem o dom de enterrar seus grandes nomes. Parece que é feito de propósito. Em pouco tempo são esquecidos, como se sua presença fosse incômoda para os que vieram depois.
Mas a nota mais triste foi o Marcelo contar que, numa recente turnê pelo nordeste, descobriu que os jovens não conhecem Tom Jobim e nunca ouviram falar em Bossa Nova. Meu Deus, isso foi ontem!
Voltar à listagem