Futebol é cruel
Futebol é futebol porque o jogo reproduz, no seu universo pautado por quatro linhas, os mistérios, as incertezas, o imponderável da vida.
Por que o time que joga pior ganha? Por que o jogador perde pênalti? Por que a bola bate na trave e entra? Por que o juiz ajuda um time? Por que o cartola diz que faz, mas não faz?
São perguntas que entopem os ouvidos depois de cada jogo, tanto faz o campeonato, a divisão ou o resultado da partida. E, como acontece com os grandes mistérios da vida, as respostas não aparecem.
A partida em si encerra todos os passos da história do universo. As forças irresistíveis, a pressão, a explosão, os acasos, ou não.
Quem não se apavora com a espirrada do centroavante ou a furada do zagueiro? Quem não chora no frango do goleiro que toma a bola fraca no meio das pernas? Quem não vibra com a defesa de um pênalti?
Futebol é emoção em movimento. É paixão. É força. É torcida. Tem quem ache que é mais do que religião. E tem os imbecis de plantão que transformam o jogo numa razão sem sentido para cometer toda sorte de estupidezes, a favor e contra.
Mas estes não contam, nem devem ser levados mais a sério do que números de estatística indicando a evolução da população carcerária.
Para nós, vale o jogo. Fortemente incentivado no seu começo, na Inglaterra, para evitar o extravasamento das tensões sociais.
Não há posição mais ingrata que a do goleiro. Verdade? Quase. Os jogadores da defesa em geral são os mais expostos à ira da torcida. O camarada acerta todas, o jogo inteiro, salva o time em dez situações de gol, e fura uma. Está perdido! É condenado pela torcida, como se todo o resto não tivesse existido. O atacante fura, erra, perde gol feito, pênalti, mas, de repente, a bola bate na sua canela e entra. Ali nasce o herói!
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