Falta de planejamento
Uma notícia ruim: São Paulo tem metade dos casos de dengue que assolam o país. Como São Paulo não tem nada de parecido com metade da população brasileira, e não é o único estado atingido pela forte estiagem que corre solta por enorme parte do território nacional, há algo de errado no número, ou melhor, na realidade.
Conversando com especialistas em saúde pública e epidemias, descobri que entre as causas deste quadro lamentável está o descaso e a soberba.
Descaso em relação ao aumento do combate dos focos da dengue, soberba em relação ao que o Estado já fez e faz em nome da saúde pública brasileira. E soberba em relação ao mosquito, que se mostrou muito mais esperto do que os encarregados de o combaterem.
Mas tem mais, tem a não compreensão dos riscos de uma estiagem prolongada para a proliferação da epidemia de dengue e tem falta de planejamento para combater os novos berçários do mosquito da dengue.
O resultado é que os encarregados da saúde pública no estado pisaram na bola e pisaram feio.
Os governos têm uma área de análise do que pode acontecer. Sua função é se antecipar aos fatos. Por isso, trabalha incessantemente para alimentar o governante com as informações necessárias para a tomada de decisões capazes de evitar ou minimizar crises, direcionar investimentos e tomar medidas emergenciais para proteger a população.
Os encarregados da análise dos riscos de epidemias não entenderam o momento e reagiram lentamente diante de uma ameaça concreta, que, por isso mesmo, se transformou em realidade.
Agora, é correr atrás do prejuízo. Colocar ordem na casa vai demorar e custar caro, em vidas e dinheiro, para o Estado e os municípios.
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