Eu não tenho saudades, tenho boas lembranças
No filme Meia Noite em Paris, Woody Allen joga com a nostalgia que as pessoas têm das gerações anteriores, as quais elas não conheceram. O personagem volta no tempo e no tempo anterior ao seu ele se apaixona por uma mulher que quer voltar para uma geração anterior, até chegar em Luiz XIV, que manda cortar a cabeça do detetive que se perde viajando no tempo até chegar em Versailles.
Eu não tenho nostalgia da vida das gerações anteriores. Nem tenho saudades do meu passado. O que eu tenho são lembranças muito boas de uma vida que entre secos e molhados tem sido boa e que me fazem lembrar de outros tempos e outras situações que por uma razão ou outra deixaram sua marca.
Pode ser um momento definitivo, como quando menino ganhei meu cavalo, o Nativo. Ou pode ser o café da manhã, na madrugada de um sábado qualquer, numa padaria na Rua Teodoro Sampaio, antes de ir para Interlagos ser mecânico de Kart do meu amigo Raul Natividade.
Não tem porquê, mas quando escuto a música “Good Morning Starshine” me lembro deste sábado sem nada especial, sem começo ou depois, em que o Raul e eu tomamos café numa padaria esquecida, antes de irmos para Interlagos.
Todo mundo tem lembranças boas e não tão boas. A vida é assim. Eu tenho a sorte de esquecer as passagens não tão boas em favor das lembranças boas de momentos bons que marcaram minha vida.
Seja o sol visto do alto do morro brilhando em cima da Barra do Una, seja o pôr-do-sol no morro da Cabaninha, seja a lua cheia no terreiro da fazenda, ou uma lágrima numa noite de inverno em Hamburgo, os momentos vêm porque vêm. Chegam e jogam na minha frente a certeza que a vida vale a pena. E que o importante é viver bem.
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