Entre o nascer e o morrer
Corre muita água no rio da vida. Entre nascer e morrer, a terra gira em torno de si, em torno do sol e nós giramos em torno da vida, sem muito controle, além do que nos permite o livre arbítrio.
O resto, se é que podemos chamar de resto, é a sorte, ou falta dela, é estarmos no lugar certo, na hora certa, ou no lugar errado, na hora errada. Ou não é nada disso, mas nos afeta direta ou indiretamente.
Quer dizer, entre secos e molhados, vivemos e tocamos em frente do jeito que dá, a maior parte das vezes sem entender o que está acontecendo e sem condições de nos colocarmos, a favor ou contra.
Nascemos sem qualquer participação na escolha dos pais, família ou de quem vai nos trazer ao mundo. Simplesmente, somos a consequência do ato de duas pessoas que serão nossos pais, mas que nós, ao nascermos, não sabemos quem são, nem se serão bons, nos amarão, darão o melhor de si ou o mais que pode interferir na nossa vida.
Por que nascemos aqui ou ali, por que nascemos assim ou assado não depende de nós. Simplesmente nascemos, sem escolha, se não vir ao mundo chorando e de saída levando uma palmada.
Daí pra frente, entramos na vida de cabeça também, tanto faz se queremos ou não. Não há opção. Ou mamamos ou não vamos a lugar algum.
E começamos a crescer. Mais uma vez, a escolha dos primeiros amigos não depende de nós. Nem a casa, nem a escola, o clube, os avós, os tios ou os primos.
Depois, começamos a escolher, procurar empatias, amor, fraternidade, coleguismo. E formamos nossas rodas, que podem mudar radicalmente, em função de nossas opções. E assim vamos em frente, meio à deriva, até o dia em que saímos de cena, porque mudamos de endereço.
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