Em boa companhia
Tem gente que diz que eu não deveria dar palpite sobre urbanismo porque não sou do ramo. Pode até ser, mas gostaria de lembrar que, no Governo Paulo Egídio Martins, na segunda metade da década de 1970, participei da montagem da Região Metropolitana de São Paulo, integrei os quadros da Secretária dos Negócios Metropolitanos, participei da elaboração da Lei de Ocupação do Solo da Grande São Paulo e da Lei Otto Cyrillo Lehmann, que regulou a ocupação do solo no país por anos a fio. E tive o privilégio de conviver, trabalhar e aprender com profissionais como Roberto Cerqueira Cesar, Eurico Miranda, Roberto Dini e Ruy Amado.
Como consequência, fui para a Alemanha, fazer uma especialização em implantação de indústrias e preservação do meio ambiente.
Ou seja, posso não ser do ramo, mas não estou tão por fora quanto podem pensar.
E agora estou em boa companhia. O professor Cândido Malta Campos Filho, um dos maiores urbanistas do país, professor emérito da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e ex-Secretário de Planejamento da Prefeitura de São Paulo, publicou um artigo no Estadão, no dia 2 passado, mostrando com clareza meridiana os equívocos e a condução, no mínimo pouco clara, do processo para aprovação da nova Lei de Zoneamento pela administração que não gosta da cidade.
O que salta aos olhos é que as afirmações da Prefeitura não encontram qualquer sustentação na realidade e na doutrina.
A clareza do artigo em que o ilustre professor derruba cada uma das falsas afirmações alardeadas pela máquina de propaganda da Prefeitura, na toada com que o PT tenta engabelar o povo e que deu no que estamos vendo no Governo Federal, não deixa dúvidas. Ou o paulistano diz não, pressiona os vereadores, que também não são confiáveis, e derruba o absurdo, ou nossa vida vai piorar e muito, em todos os sentidos.