É piada ou má fé
Cada vez que eu ouço alguém dizer que o policial deveria atirar na perna ou no braço de um suspeito, eu só não fico completamente estarrecido porque outro dia assisti um vídeo onde uma promotora de justiça, numa palestra para policiais, diz textualmente que eles só devem atirar depois de serem alvejados.
É levar o atirar na perna ou no braço ao seu último estágio, à perfeição, ao Nirvana. É por posições como esta que o Brasil está completamente desmontado, entregue à bandidagem, dentro e fora das cadeias.
Se eu não tivesse uma dúvida, com certeza diria que quem afirma isso está agindo com a mais absoluta má fé. Está interessado na morte do policial ou numa acusação desmoralizante que o impeça de voltar as ruas e prosseguir com seu trabalho.
Na televisão, numa entrevista num gabinete, no bem bom do ar condicionado e do prédio protegido pela polícia, é fácil falar e soa bonito para o público um “ele deveria atirar na perna ou no braço”.
Mas, antes de acusar o cidadão que afirma isso de estar agindo de má fé, de ser pouco sério, ou mero alienado, me vem a dúvida: será que ele já atirou com uma pistola automática na vida? Será que ele já tentou praticar tiro ao alvo numa distância de dez metros, com arma curta e alvo fixo? Será que ele sabe que uma pistola automática dá um coice para trás cada vez que dispara? Será que lhe ocorreu que o suspeito que ameaça o policial não está parado, ao contrário, se move rapidamente, normalmente com uma arma na mão? Não é o caso nem de perguntar se ele já atirou em alguém, mas será que este cidadão já tentou pelo menos mirar num braço ou numa perna em movimento, antes de falar uma bobagem desse tamanho?
Os manuais de polícia não mandam atirar no peito porque mata, mandam porque é o maior alvo e, portanto, o menos difícil de ser atingido.
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