E deu Trump!

Against the odds, deu Trump! Agora, o que vem pela frente, vem pela frente e, seja lá o que for, não será tão bom para nós. Não porque somos brasileiros, mas porque, na visão do novo presidente americano, a América Latina não tem nenhuma relevância nos destinos do mundo e, muito menos, no dia a dia norte-americano. O que, exceto pelos mexicanos (a favor e contra), está em absoluta sintonia com o que pensa a maioria dos norte-americanos.

Como, daqui para frente, é briga de cachorro grande, não é de se esperar que a Europa perca muito tempo defendendo nossos interesses, ou que a China e a Rússia venham somar conosco.

Não é por aí. O que está acontecendo é que o ser humano está voltando a ser humano. Um animal egoísta, que pensa no próprio estômago, que não tem muito respeito pelo semelhante e que vive em sociedade amarrado por travas tremendas, sem as quais um matava o outro por menos do que um palpite.

A eleição norte-americana é só mais um capítulo numa história que vinha se delineando faz tempo. O crescimento dos partidos nacionalistas na Europa, as posições russas e chinesas em matéria internacional e de fronteiras, o rearmamento japonês, feito com jeito de quem não quer nada, tudo apontava para o quadro que o Brexit colocou nu no meio da sala.

Numa visão cínica, a verdade é que os povos ricos estão cheios de carregar nas costas os povos pobres. Todo o resto é conversa para boi dormir. Já, já, alguém inventa uma tese moral para dar suporte a isso.

Aliás, o que os americanos estão fazendo não é diferente do que pensam os brasileiros incomodados com o dinheiro dado pelo governo do PT para países da África, Cuba ou Venezuela.

Agora, é esperar para ver. No mínimo, teremos tempos interessantes.