Duas no cravo, duas na ferradura
Durante um bom tempo, fiquei convencido de que o Presidente Temer entraria para a história como um grande presidente.
Afinal, fez a Reforma Trabalhista, criou o Teto de Gastos, enquadrou o funcionalismo, limpou a área, segurou a crise, baixou a inflação e derrubou os juros.
Poucos presidentes fizeram algo parecido, mesmo com muito mais tempo de poder e herdando o país com maré favorável, vento leve e ondas pequenas.
Sua missão não foi fácil. Agora que ele se aproxima do término do mandato ficam duas perguntas sem respostas e elas podem empanar sua entrada no panteão dos grandes presidentes de nossa história.
É verdade, a história só será escrita quando não estivermos mais aqui. E as duas perguntas, diante da obra maior, podem perder muito de seu significado ao longo dos próximos 50 anos.
Mas hoje as duas depõem contra ele. Para alguém disposto a fazer bem feito, pensando no Brasil, não ficou bonito.
A primeira pergunta é: por que não vetou o aumento dado ao Supremo Tribunal Federal? A resposta pode ser ampla ou restrita, mas nenhuma delas engrandece a biografia do Presidente.
A segunda é mais trágica. Mexe com a saúde de 53% dos brasileiros atendidos pelo SUS. O Presidente baixou uma medida provisória capaz de dar fôlego aos hospitais filantrópicos, destinando 5% do FGTS, com juros de 8,5% ao ano para o seu financiamento. Maravilha, bela notícia!
Então, o que levou o presidente a baixar outra medida provisória elevando o custo para 11,5% ao ano? A operação não tem risco. Os bancos vão sacar o dinheiro diretamente dos repasses do SUS. Como explicar aos pacientes que não serão atendidos porque os bancos querem mais?
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