Dois lados da mesma cidade
Entre as muitas cidades lindas que existem no mundo, Paris tem lugar especial. É a cidade dos superlativos. O Louvre é enorme, a avenida dos Champs Elysee é grandiosa, o Arco do Triunfo é imponente. A Torre Eifel é a Torre Eifel e por aí vamos, com Notre Dame, Madeleine, Palais Royal, Place de Vosges e centenas de outros lugares maravilhosos, impressionantes, deslumbrantes e incomparáveis.
Para mim, é a mais bela cidade construída pelo homem. A distinção é importante, porque a cidade mais bonita do mundo seria o Rio de Janeiro, não fosse o homem conseguir atrapalhar.
É por isso que minha recente viagem teve um lado triste. Ao contrário do que poderiam pensar, não me lembrou o Brasil, nem fui nessa direção, mas a quantidade de moradores de rua me impressionou e pegou pesado.
Famílias inteiras sentadas nas calçadas pedindo dinheiro para quem passa. E não só nas calçadas. Uma mulher me pediu dinheiro para comer dentro da igreja de Saint-German-des-Prés.
Se é triste ver os moradores de rua jogados pelas calçadas brasileiras, muitos drogados e dormindo em cima da própria imundície, também é triste ver mães com crianças no colo encostadas nas paredes dos prédios, cobertas com trapos imundos, e temperatura de 3 graus Célsius, em Paris.
Eu já tinha ficado impressionado com a quantidade de moradores de rua em Londres. O quadro assusta e explica o porquê de os países europeus quererem fechar suas fronteiras.
Quando duas das cidades mais ricas do mundo são tomadas por essa realidade tem algo profundamente errado na ordem das coisas.
Até que ponto a globalização, o politicamente correto, as boas intenções pioraram a vida de milhões de pessoas? Pense nisso. Ninguém vai para Paris sentir frio nas noites de inverno se em casa não estiver pior.
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