Dia de combate ao Aedes
O dia do combate nacional ao aedes teve algumas curiosidades interessantes. A primeira é que o Brasil tem mais de 5 mil municípios e a luta se deu em apenas 350.
Como São Paulo tem mais de 600 municípios, pode-se dizer que a envergadura da ação corresponderia a uma luta de vida ou morte, apenas em um dia, em metade de um estado da Federação.
Ou seja, o dia de combate ao aedes foi muito mais para inglês ver do que para valer, para acabar com a praga e tentar controlar a dengue, o chicungunya e o zika.
Não há registro de que os 220 mil soldados das forças armadas continuarão na luta para acabar com os criadouros do aedes.
Também não há o mais vago sinal de que a Prefeitura de São Paulo pretende rever os termos de cooperação com o aedes. Ao contrário, o monte de lixo estocado ao lado da Ponte da Cidade Universitária continua a crescer, o que significa que as chances do mosquito se reproduzir numa área cercada e protegida pela Prefeitura também aumentam.
Uma comparação com os caça-mosquitos dos cientistas Carlos Chagas e Vital Brazil mostra a enorme diferença entre o que aconteceu no final do século 19, virada do século 20 e a encenação feita agora.
A verdade é que não há nenhuma ação realmente estruturada para acabar com o aedes no território brasileiro. Todo mundo faz que faz, mas, de verdade, não faz e o mosquito segue em frente, transmitindo suas pequenas doses de maldade, até porque esta é sua razão de ser.
Mas, se a natureza não espera nada diferente do mosquito, a população brasileira, escorchada e assaltada por governantes sem qualquer comprometimento com a qualidade de vida do povo, adoraria ver as estatísticas mudarem de cor. Só que isso ainda vai demorar.
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